segunda-feira, março 26, 2007

Tecto vertical

Cuspo a minha saliva seca no tecto vertical que se une ás paredes horizontais com cantos e vincos vincados em forma de parede, parede que não é mais que um chão quando o mundo se desdobra para o ver como só eu o vejo.
Quase que falava comigo se tivesse alguma coisa para me dizer.
Vou pensar, vou pensar como se nunca tivesse pensado antes, vou pensar livre de conhecimento.
É sempre fácil lembrar mas tão dificil de esquecer, mas eu esqueço-me, de tudo,
esqueço-me de como se escreve, de como se fala, de como se vê, de como se sente, de como se vive e aprendo tudo de novo, ao ritmo do chão, ao ritmo do incenso, ao ritmo destas paredes horizontais com cantos e vincos.

Ruben A.

segunda-feira, março 12, 2007

Repetições únicas

Sento-me onde não tenho mãos nem pés,
onde não tenho lugar,
peço ao meu corpo para me devolver os meus momentos,
pois tudo o que eu tenho são momentos,
momentos repetidos mas únicos,
cada um mais leve que o anterior,
cada um com a sua força,
cada um mais repetido que o anterior,
cada um com a sua cor.
Não sei do que são feitas estas palavras,
são de que sabor?
Estas palavras não tem sabor!
Sabem a língua, sabem a dentes!
Vejo o fumo mas não consigo ver as palavras!
De que são feitas as palavras que eu falo?
São repetidas mas únicas.
São palavras sem mãos nem pés.

Ruben A.

sexta-feira, março 09, 2007

Falo logo sou

Falo comigo por loucura,
ou por estar perto de mim?
Será que vejo tudo da forma que não é suposto ver?
Vejo de mais ou de menos?
Vejo apenas,
vejo apenas diferente,
diferente dos outros.
Do que estava eu a falar?
Vejo ou sou?
Sou quem?
Sou esta diferença, sou esta loucura,
sou este que fala comigo.

Ruben A.