"Levantava-me se as minhas pestanas não se atravessassem à minha frente" digo para mim sem medo que todas as vozes se calem e ouça o eco das palavras marcadas nas minhas veias salientes
Os meus lábios não se calam, não se descolam.
Não sei com quem estou a falar, toda a gente aqui se parece comigo.
Levantava-me se as paredes parassem de valsar ao som da minha saliva.
Cantava ao ritmo das molas do sofá se a minha voz não estivesse rouca de cantar numa língua que desconheço,
uma letra curta de palavras abatidas formadas de sílabas quase aleatórias.
Levantava-me para terminar o meu nascimento se pudesse esculpi-lo,
está tudo perfeito da forma que eu faço apesar de nem terminado estar, apesar de amador, apesar de único.
Tu também és amadora, choves de uma forma amadora em mim,
a palavra amadora vem de amar não é?
Debaixo da tua chuva as estradas tem portas e as portas tem escadas
Debaixo da tua chuva as estátuas são mecânicas e os carros são velas
Debaixo da tua chuva sou normal
Ao tempo que eu já não me lembrava de agir, ao tempo que eu não acendia uma vela.
A minha vida reduz-se...não, eleva-se, numa vela.
Ruben A.
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